Aumento do salário mínimo para R$ 871 a partir de janeiro de 2016, traz impactos positivos e negativos para a economia. Reajuste representa um aumento de R$ 83 em relação ao atual valor
A partir do dia 1º do próximo mês, o salário mínimo será de R$ 871 em todo o País. O reajuste representa um aumento de R$ 83 em relação ao atual valor. Na avaliação de especialistas o reajuste traz impactos positivos e negativos para a economia.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins, o aumento do salário mínimo representa um pequeno alivio no orçamento doméstico, sobretudo devido a persistente elevação de preços dos produtos e serviços, bem como do alto nível de endividamento das famílias.
Ressalta que alguns trabalhadores, nos setores da indústria e comércio, não serão afetados por esta medida, pois possuem acordos específicos recebendo piso salarial um pouco superior ao mínimo.
Consumo
O economista Sérgio Melo analisa que, pelo lado positivo o novo salário eleva a massa salarial com impacto direto no consumo, animando a economia. “O lado negativo é que este aumento está chegando na hora em que o Produto Interno Bruto (PIB) está negativo em aproximadamente 3,5% e com perspectivas de continuar negativo no próximo ano”, comenta, acrescentando que crescimento de demanda com queda de produção é sinônimo de inflação.
O presidente do Corecon-CE avalia que esta “injeção de recursos” na economia poderá contribuir para a amenização da queda do consumo das famílias. Cita como exemplo o que vem ocorrendo nos segmentos de hipermercados e supermercados no Ceará, que até outubro/2015 registra queda acumulado no ano de 4,9%. “Por outro lado, as empresas que possuem em seus quadros funcionários, que recebem o salário mínimo, deverão verificar uma maior pressão sobre as margens de lucros”, considera. Para Allisson, na ótica governamental, e em especial, os municípios de pequeno porte, serão fortemente afetados. Adianta que isso vai aprofundar a fragilidade financeira, decorrente da queda em termos reais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte geradora de caixa na municipalidade”, destaca.
Sobre essa questão, Sérgio Melo também lembra a queda de arrecadação pelos governos e consequente redução de transferências constitucionais. “Tal cenário vai dificultar os pagamentos dos salários dos servidores no ano de 2016, piorando mais ainda as precárias situações financeiras dos estados e municípios”, conclui Melo.